Fabuloso é incentivar pessoas a serem fabulosas
Bastaria dizer que empoderar as mulheres desde a infância é primordial para garantir um direito fundamental. Mas vamos além. Segundo as Nações Unidas, o empoderamento feminino fundamenta as bases para um mundo mais pacífico, sustentável e próspero.
Próspero? Siiiim.
Quando temos o privilégio de viver em ambientes desenvolvidos, providos de direitos básicos como educação, transportes, certa segurança e saúde, temos dificuldade em imaginar o inimaginável: meninas privadas de frequentar a escola, obrigadas a se casar ainda crianças, passando por violência física ou sexual. Uma a cada cinco mulheres de 15 a 49 anos de idade já relatou violência de parceiro fixo.
E apesar de uma série de ações que vêm sendo adotadas mundialmente, ainda há resquícios fortes de desigualdade, como leis discriminatórias, falta de representação pública e profissional das mulheres, e estatísticas alarmantes de abusos de toda sorte. Atualmente a representatividade feminina na administração pública é de apenas 23,7%. Na agricultura, mulheres possuem apenas 13% das terras produtivas.
A situação foi ainda agravada pela pandemia, aumentando a quantidade de trabalho mal remunerado, ou sem remuneração alguma. Cerca de 60% das trabalhadoras estão atualmente no mercado informal, correndo mais risco de cair na linha da miséria. Também de acordo com as Nações Unidas, há ainda 18 países nos quais os maridos determinam se suas esposas podem ou não trabalhar.
Por que empoderar?
Independentemente de onde você mora, ou em qual situação vive, considerar a igualdade de gêneros é batalhar por um direito humano básico. Ele envolve melhoria da saúde da população, redução da pobreza e acesso à educação. Isso sem falar na garantia da integridade física de comunidades inteiras. Enquanto metade da população estiver em desigualdade, o progresso social ficará estagnado.
Por onde começar?
Um princípio básico - mais básico impossível - é a nossa casa. Uma pesquisa de 2017 publicada na revista Science, mostrou que 30% das meninas entre 6 e 7 anos se sentem menos inteligentes que os meninos. Desde muito cedo, crianças começam a internalizar os estereótipos de gênero, e isso acaba interferindo diretamente em seus interesses. Por não se sentirem boas ou inteligentes o suficiente, muitas garotas acabam evitando se interessar por áreas como a ciência, matemática ou física. Isso acaba refletindo, por exemplo, na ausência de mulheres na área científica, em cargos de liderança ou posições de prestígio, além da desigualdade salarial entre homens e mulheres.